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Festivais de Verão 2007
Bruno Portela
Cristiano Pereira
Cerca de 35 mil pessoas passaram pela Quinta da Bela Vista na noite de sábado para domingo. Nesse aspecto, a primeira edição do Cremfields em Lisboa foi um êxito.
Todavia, importa assinalar que a organização falhou redondamente no que diz respeito à quantidade de bares para o público. Apenas dois stands de fast food e nove bares foram manifestamente insuficientes para atender semelhante quantidade de gente. As filas nas roulotes dos cachorros eram impressionantes e muitos foram aqueles que desesperaram com o facto de perderem horas só para conseguirem comprar uma sandwiche. A quantidade de casas de banho também falhou. Nunca tal se viu. E, neste aspecto, a organização do Creamfields tem muito para aprender com o Rock In Rio ou qualquer outro festival.
Musicalmente falando dir-se-á que não houve grandes decepções apesar de muitos terem considerado o concerto dos Placebo pouco entusiasmante e demasiado curto. Mais tarde, os Prodigy cumpriram aquilo que deles se esperava: festa rija com picos de intensidade nos êxitos mais antigos. A jogar em casa, os Da Weasel não tiveram qualquer problema em segurar a assistência desde o primeiro minuto. No palco reggae, destacou-se Max Romeo. O veterano jamaicano desencadeou delírio quando interpretou o famoso hit "War Ina Babylon" cruzado com "Give Peace a Chance".
Apesar da progamação do Creamfields privilegiar a electrónica e o reggae, convém frisar que um dos melhores momentos de todo o dia residiu na demolidora actuação dos portugueses The Vicious Five, provavelmente uma das melhores bandas que o rock português conheceu nos últimos anos. Joaquim Albergaria, o vocalista, pediu desculpas à malta pelo facto de não se apresentarem com DJ - uma pequena provocação à tribo da música electrónica que dominava grande parte do recinto.
Os Vicious Five são um caso sério de rock'n'roll. Fazem parte daquele restrito número de bandas que transpiram autenticidade e estilo para além de libertarem uma electricidade contagiante e altamente viciante. Poucas horas depois, no mesmo palco, os Wray Gunn também brilharam.
A música prosseguiu até pouco depois das 6 da manhã. Só foi pena a enchente ser visível um pouco por todo o lado e abundarem filas para tudo. Entrar na Giant Sphere, por exemplo, só estava ao alcance das almas mais pacientes. O mesmo se aplica para a tenda "Silent Club". Apesar de tudo, dir-se-á que o saldo do festival foi positivo mas importar corrigir graves lacunas em futuras edições.
Bruno Portela
Cristiano Pereira
Oh, o calor: a malta semidespida a transpirar com a oscilação corporal desencadeada pelo andamento hipnótico da música que brota das colunas. A tarde ainda vai a meio, estão perto de trinta graus, e há gente - muita gente, umas vinte mil - a mover o esqueleto ao som do ritmo eleito. É disto que o povo gosta. O festival Creamfields distribui-se por sete diferentes zonas da Quinta da Bela Vista. E enchem-se de juventude.
Num palco, há o reggae dos One Sun Tribe: colheita jamaico-lusitano boa onda e bem esgalhada apesar dos instrumentistas serem todos brancos. Ao mesmo tempo, escassos metros acima, o fulgor dinâmico do duo Digitalism consegue causar maior intensidade sísmica. Ao lado, dentro de uma espécie de estrutura que tenciona sugerir um cenário de esplanada semi-tropical, a juventude pula com as batidas de The Fahze enquanto recebe a ventania de ventoinhas equipadas com jactos de vapor de água.
É, contudo, dentro do Super Bock Silent Club que a atmosfera se destaca de todas as outras: imagine-se uma tenda com mil e tal pessoas que dançam sem que se ouça música erguer-se no ar. Mas a plebe, atenção, não está a tripar: a malta, afinal, dança porque tem auscultadores enfiados nos ouvidos. E pode optar por dois djs: Nuno Di Kovaks ou Kid Selecta. Só não pode gamar os auscultadores porque à saída, dois musculosos seguranças tratam de recolher a cena. Ao início da noite, o festival começa a ganhar embalo para a vertigem nocturna que só parou aos primeiros raios do sol de hoje.
Beldades e VIP
Entre abundância de mini-saias de ganga e muito espertalhões de óculos ray-ban com penteado à Lenny Kravitz, qualquer pessoa com dois olhos na cara facilmente constatará que as várias marcas patrocinadoras do festival lutam entre si para ver quem apresenta as promotoras com melhores predicados corporais.
A luta está renhida e à hora do fecho desta edição, o JN hesitava entre os penteados esdrúxulos das raparigas da Organics e a voluptuosidade das representantes da TMN. Na edição de amanhã contaremos mais pormenores sobre este assunto de cabal importância...
Entretanto, a organização divulgou uma lista com nomes de "vips" que podem ser avistados na tenda dos mesmos, entre pirâmides de morangos, garrafas de Moët & Chandon e sujeitos mascarados de sapos (ou serão rãs?). A cabeça de cartaz parece ser Pimpinha Jardim, mas nomes como Merche Romero, Soraia Chaves, Sofia Aparício ou uma tal de Patrícia também lá figuram.
Trata-se da primeira edição portuguesa do festival Creamfields. A partir das 15 horas, mais de 50 artistas estarão espalhados por sete palcos. A mega-festa só terminará às seis da madrugada.
A programação musical privilegia essencialmente várias tendências da música electrónica mas também pisca o olho a géneros como o rock, o treggae ou o hip-hop.
Com os Prodigy e os Placebo como cabeças-de-cartaz no palco principal, o Creamfields acolherá ainda actuações dos portugueses Da Weasel, Wraygunn, Vicious Five, Expensive Soul ou You Should Go Ahead.
No palco dedicado ao reggae e às variações da música inspirada na Jamaica contam-se o veterano Max Romeo, os Dub Incorporation ou Slightly Stupid.
No que concerne a propostas de cariz mais electrónico, destacam-se as presenças de Layo & Bushwacka, Diego Miranda, Soulwax, Who Made Who, 2 Many Djs, Rui Vargas ou Specktrum.
Todavia, um dos espaços que deverá ser alvo de maior curiosidade é o "Silent Club". E isso por uma razão muito especial e que é uma iniciativa inédita no nosso país: trata-se de uma área na qual a música que os disc-jockeys passam só pode ser ouvida em auscultadores distribuídos a quem entrar no espaço.
Mas nem só de música viverá o festival. No que diz respeito iniciativas paralelas, registe-se a realização de um jantar para 100 pessoas numa estrutura colocada a 30 metros de altura.
As várias estruturas espalhadas pelo verdejante parque também não deverão passar despercebidas, uma vez que se nos deparam como arrojadas propostas e no qual os efeitos de luz e vídeo serão uma constante. O "Coca-Cola Luminaria", por exemplo, apresenta-se como "um labirinto coberto que proporcionará aos visitantes uma experiência visual e artística" tratando-se "de um universo à parte que brinca com o reflexo de luzes coloridas na pele e roupa sempre ao som de música chill out".
Os adeptos das alturas poderão, também, subir ao céu no interior de um dos balões de hélio do "Sapo Aerodrome" que se elevarão trinta metros acima do solo. No recinto do festival também será possível mudar de visual no espaço Organics Styling Zone.
A organização investiu sete milhões de euros no Creamfields e promete realizar uma nova edição em 2009. Por causa do Creamfields Lisboa, haverá vários cortes na circulação de trânsito na zona circundante ao recinto.
A garantir a segurança no Parque da Bela Vista vão estar cerca de 300 pessoas, entre bombeiros, INEM, Protecção Civil, Polícia Municipal e PSP.
Recorde-se que o Creamfields surgiu em Liverpool. Tratou-se de uma ideia de James Barton e que tencionava levar toda a emoção dos ritmos do Club Cream para o ar livre.
Hoje em dia, o Creamfields conquistou projecção internacional e é considerado um dos maiores eventos mundiais das novas tendências musicais: da house, ao techno, passando pelo electro, minimal, drum n'bass ou chill out.
Haja energia para semelhante maratona de dança.
Prodigy
Main Stage (19 às 2:30 horas) - The Prodigy, Placebo, Da Weasel, Expensive Soul, You Should Go Ahead
Giant Sphere (18 às 6:00 horas) - Steve Lawler, Sander Kleinenberg, Layo & Bushwacka!, Silicone Soul, Diego Miranda, Stereo Addiction, visuals By Framestation
La Isla (15 às 6:00 horas) - David Morales, David Guetta, Tom Novy, Kaskade, Miguel Rendeiro, The Fahze
Reggae Stage (17 às 4:00 horas) - Max Romeo, Dub Incorporation, Slightly Stoopid, Jahcoustix & Dubios Neighbourhood, One Sun Tribe, Nubai Sound System, Fire Starter Sound System
Radio Soulwax (16 às 6:00 horas) - Soulwax, Who Made Who, Digitalism, Spektrum, Wraygunn, Vicious Five, The Poppers
Kubik (20 às 6:00 horas) - 2 Many DJs, M.A.N.D.Y. (Patrick Bodmer DJ Set), Tiefschwarz, Erol Alkan, Rui Vargas, Glam Slam Dance, Tha Bloody Bastards
Silent Club (16 às 6:00 horas) - Señor Pelota vs Andy H, DJ China vs DJ Kid Selecta, Kamala vs John-E Gonçalo Alvoeiro vs Nuno Di Kovaks, Antony Millard vs DJ Enigma, CJ Vega vs DJ Who&Undercover DJ, DJ Mauro vs Luis Magone, DJ Fernando Alvim vs Mónica Mendes
Já falta pouco para o início das 15 horas de música ininterruptas e diversas experiências previstas no Creamfields Lisboa, sábado, no Parque da Bela Vista, em Lisboa.
Até amanhã os bilhetes custam 40 euros, no próprio dia o preço aumenta para 50 euros.
Para além da música, o Creamfields Lisboa e a Campanha do Milénio das Nações Unidas convidam todos a gravarem uma mensagem de apoio ao fim da pobreza na Voice Box que estará instalada no recinto.